<font color=990000>A guerra é inerente ao sistema</font>
«O terrorismo de Estado dos EUA e as agressões imperialistas na estratégia das “guerras preventivas”» foi o tema do debate que teve lugar na sala principal do cine-teatro de Serpa, na sexta-feira à tarde. Na mesa, sob a direcção de Jorge Figueiredo, quatro conhecedores da matéria: o general Pezarat Correia, o professor George Labica, o norte-americano Brett Clark, da revista Monthly Review, e Miguel Urbano Rodrigues.
O pontapé de saída foi dado pelo general Pezarat Correia, que desmontou a argumentação de guerra dos EUA. Considerando o imperialismo actual como estádio supremo do colonialismo europeu dos séculos XIX e XX, considerou que as premissas são as mesmas: tanto nos objectivos, a maximização do lucro e o controlo dos recursos naturais, como os métodos – a força das armas e da fé (substituída hoje pelo poder mediático e pela propaganda). Para Pezarat Correia, os norte-americanos assumem uma posição altamente hipócrita em relação à não proliferação nuclear, pois pretendem proibir que novos países adquiram este tipo de armamento, não respeitando o artigo 6.º do tratado, que prevê, a par disso, o abandono pelos actuais possuidores. Cria-se assim um apartheid nuclear.
Para o professor George Labica, a «imagem idealizada da guerra não resiste à prova dos factos», lembrando que os norte-americanos prometeram um «trabalho rápido, quase terapêutico, e não se coibiram mesmo de falar em “ataques cirúrgicos” e mesmo de uma opção de “zero mortes”». Labica condenou a «banalização da destruição de cidades e do massacre de civis, aos quais se vieram juntar as torturas infligidas aos prisioneiros». Após afirmar que até a guerra hoje está privatizada, o marxista francês lembrou que os estados-maiores e as personalidades estão barricados na sua «zona verde», protegidos por 20 mil mercenários superiormente remunerados.
O norte-americano Brett Clark, jovem colaborador de John Bellamy Foster na histórica Monthly Review, fez uma retrospectiva histórica do termo «barbárie» desde a Grécia clássica, centrando depois a sua dissertação na perspectiva marxista do conceito. Para o professor norte-americano, Marx usa o termo «barbárie» para destacar o papel da força e da brutalidade na história e no capitalismo. Citando Rosa Luxemburgo (a primeira a falar da opção entre socialismo e barbárie), Clark recordou as palavras da comunista alemã, que afirmou em tempos que o «socialismo tornou-se necessário não apenas porque o proletariado não está mais disposto a viver nas condições impostas pelas classes capitalistas mas também porque se o proletariado falhar em cumprir os seus deveres de classe, se falhar a realização do socialismo, poderemos cair juntos num inferno comum. Para Brett Clark, nunca esta ideia esteve tão actual.
Miguel Urbano Rodrigues, editor do Resistir.info, colocou a tónica da sua intervenção no que considera um «renascimento do espírito revolucionário, com destaque para uma reflexão criadora sobre o marxismo». Para o jornalista português, «um pouco por todo o planeta, lutas de novo tipo confirmam que as revoluções de um futuro próximo estão a ser forjadas na resistência às contra-revoluções da era neoliberal». E realçou ainda que «milhões de explorados apercebem-se que o capitalismo se tornou um factor de regressão absoluta da humanidade».
Passando pelos principais pólos de resistência ao imperialismo, Miguel Urbano Rodrigues considerou que a «convicção de que os movimentos sociais emergem colectivamente como uma vanguarda de vocação revolucionária expressa uma atitude romântica». A intervenção destes, reafirmou, tem de ter como «elemento imprescindível a participação intensa na luta de organizações e partidos revolucionários com projectos bem definidos».
O pontapé de saída foi dado pelo general Pezarat Correia, que desmontou a argumentação de guerra dos EUA. Considerando o imperialismo actual como estádio supremo do colonialismo europeu dos séculos XIX e XX, considerou que as premissas são as mesmas: tanto nos objectivos, a maximização do lucro e o controlo dos recursos naturais, como os métodos – a força das armas e da fé (substituída hoje pelo poder mediático e pela propaganda). Para Pezarat Correia, os norte-americanos assumem uma posição altamente hipócrita em relação à não proliferação nuclear, pois pretendem proibir que novos países adquiram este tipo de armamento, não respeitando o artigo 6.º do tratado, que prevê, a par disso, o abandono pelos actuais possuidores. Cria-se assim um apartheid nuclear.
Para o professor George Labica, a «imagem idealizada da guerra não resiste à prova dos factos», lembrando que os norte-americanos prometeram um «trabalho rápido, quase terapêutico, e não se coibiram mesmo de falar em “ataques cirúrgicos” e mesmo de uma opção de “zero mortes”». Labica condenou a «banalização da destruição de cidades e do massacre de civis, aos quais se vieram juntar as torturas infligidas aos prisioneiros». Após afirmar que até a guerra hoje está privatizada, o marxista francês lembrou que os estados-maiores e as personalidades estão barricados na sua «zona verde», protegidos por 20 mil mercenários superiormente remunerados.
O norte-americano Brett Clark, jovem colaborador de John Bellamy Foster na histórica Monthly Review, fez uma retrospectiva histórica do termo «barbárie» desde a Grécia clássica, centrando depois a sua dissertação na perspectiva marxista do conceito. Para o professor norte-americano, Marx usa o termo «barbárie» para destacar o papel da força e da brutalidade na história e no capitalismo. Citando Rosa Luxemburgo (a primeira a falar da opção entre socialismo e barbárie), Clark recordou as palavras da comunista alemã, que afirmou em tempos que o «socialismo tornou-se necessário não apenas porque o proletariado não está mais disposto a viver nas condições impostas pelas classes capitalistas mas também porque se o proletariado falhar em cumprir os seus deveres de classe, se falhar a realização do socialismo, poderemos cair juntos num inferno comum. Para Brett Clark, nunca esta ideia esteve tão actual.
Miguel Urbano Rodrigues, editor do Resistir.info, colocou a tónica da sua intervenção no que considera um «renascimento do espírito revolucionário, com destaque para uma reflexão criadora sobre o marxismo». Para o jornalista português, «um pouco por todo o planeta, lutas de novo tipo confirmam que as revoluções de um futuro próximo estão a ser forjadas na resistência às contra-revoluções da era neoliberal». E realçou ainda que «milhões de explorados apercebem-se que o capitalismo se tornou um factor de regressão absoluta da humanidade».
Passando pelos principais pólos de resistência ao imperialismo, Miguel Urbano Rodrigues considerou que a «convicção de que os movimentos sociais emergem colectivamente como uma vanguarda de vocação revolucionária expressa uma atitude romântica». A intervenção destes, reafirmou, tem de ter como «elemento imprescindível a participação intensa na luta de organizações e partidos revolucionários com projectos bem definidos».